É Legal Intimar Pacientes em UTI? Entenda os Limites Jurídicos e Éticos no Ambiente Hospitalar

Quando a Justiça entra na UTI: os dilemas legais e éticos que cercam a intimação de pacientes em estado crítico.

24/04/2025

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As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são ambientes de cuidados críticos onde o foco principal é a estabilização e recuperação do paciente. No entanto, casos envolvendo intimações judiciais nesse contexto têm gerado polêmica e dúvidas quanto à legalidade e ética dessa prática.

Neste artigo, vamos explorar o que a legislação brasileira diz, os limites éticos no meio hospitalar e como os profissionais da saúde e do direito devem atuar diante dessa situação delicada.

O que é uma intimação e quando ela ocorre em ambiente hospitalar?

A intimação judicial é um ato formal por meio do qual uma pessoa é convocada a comparecer perante a Justiça, seja como testemunha, parte de um processo ou réu. Em contextos hospitalares, especialmente em UTIs, esse procedimento deveria ser extremamente raro e criterioso, mas infelizmente não é incomum.

A UTI é espaço apropriado para esse tipo de ação?

Definitivamente não. A UTI é um local de cuidados intensivos onde qualquer estímulo externo pode colocar a vida do paciente em risco. Interromper um cuidado médico para cumprir uma intimação fere princípios básicos da bioética, como o da beneficência (agir sempre para o bem do paciente) e não maleficência (não causar danos).

O que dizem os órgãos de classe e o Judiciário?

Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o atendimento ao paciente em estado grave não deve ser interrompido por demandas externas, inclusive judiciais. Por outro lado, o Poder Judiciário, em alguns casos, admite intimações mesmo em ambiente hospitalar, mas isso deveria ocorrer com aval médico e apenas se o paciente estiver em plena capacidade física e mental.

Além disso, a Resolução 1.931/09 do CFM, que aprova o Código de Ética Médica, reforça que o médico tem o dever de preservar o paciente contra intervenções indevidas.

Quais são os riscos e consequências?

  • Risco à saúde do paciente: A presença de agentes externos pode agravar o quadro clínico;

  • Responsabilização da instituição: O hospital pode ser responsabilizado por omissão ou negligência;

  • Conflitos ético-jurídicos: Envolve direitos fundamentais como a dignidade da pessoa humana e o direito à vida versus o dever de cooperação com a Justiça.

Como lidar com a situação na prática?

  1. Avaliação médica criteriosa: Só o médico assistente pode autorizar ou não esse tipo de acesso;

  2. Consulta com o setor jurídico do hospital: Toda ação deve ser documentada e alinhada com a área jurídica;

  3. Proteção da equipe: Os profissionais da saúde não devem se sentir coagidos a permitir atos que possam colocar o paciente em risco.

Em Síntese

A prática de intimar pacientes em UTI foge aos princípios fundamentais da ética médica e da dignidade do ser humano. A decisão deve sempre respeitar a prioridade máxima: o cuidado com a vida. Qualquer outro interesse — ainda que jurídico — deve ser submetido a esse princípio.

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