Hemorroida, Sangramento Retal e Anemia na Urgência Hospitalar: Quando o Sinal de Alerta Acende

Entenda como o sangramento retal pode evoluir para anemia e por que o atendimento rápido faz diferença no desfecho clínico

27/11/2025

3 min ler

O sangramento retal é uma das queixas mais comuns nos serviços de urgência. Embora muitas vezes esteja relacionado a causas benignas, como hemorroidas internas e externas, nem sempre o quadro é simples.
Mesmo sangramentos pequenos, mas repetidos, podem levar a anemia, frequentemente identificada pela primeira vez no laudo de hemograma.

Por isso, entender a relação entre hemorroidas, perda de sangue e alterações hematológicas é essencial para uma avaliação segura.

🔍 Por que hemorroidas podem causar anemia?

A hemorroida é um plexo vascular aumentado na região anal. Quando inflamada, pode provocar:

  • sangramento vivo ao evacuar;

  • gotejamento no vaso sanitário;

  • sangue no papel higiênico;

  • perda diária discreta, porém contínua.

Mesmo quando o paciente não percebe grande volume de sangue, a perda crônica pode reduzir os estoques de ferro e causar anemia ferropriva.

Em muitos casos, o paciente só descobre a gravidade da perda quando recebe o hemograma na urgência.

🩸 Hemograma: o exame que entrega a verdade sobre a perda de sangue

Na urgência, o hemograma completo é o primeiro aliado para identificar a anemia associada ao sangramento retal.


Os achados mais comuns incluem:

1. Hemoglobina baixa

É o marcador mais direto. Valores abaixo do esperado indicam perda aguda ou crônica.

2. Hematócrito reduzido

Mostra queda proporcional ao volume de hemácias.

3. VCM diminuído (microcitose)

Sugere anemia por deficiência de ferro — típica de sangramentos crônicos.

4. HCM reduzido (hipocromia)

Indica hemácias pobres em hemoglobina.

5. RDW aumentado

Demonstra anisocitose, comum em estágios iniciais de anemia ferropriva.

6. Plaquetas elevadas

A trombocitose reativa é comum em processos inflamatórios e deficiência de ferro.

Esses padrões, quando observados juntos, ajudam a diferenciar anemia aguda de uma anemia crônica compensada.

⚠️ Quando o sangramento retal é um sinal de alerta?

Nem todo sangramento é de hemorroida — e assumir isso pode atrasar o diagnóstico de doenças graves.
É preciso atenção quando o paciente apresenta:

  • tontura, fraqueza ou palpitações;

  • síncope ou pré-síncope;

  • queda progressiva da hemoglobina;

  • sangue escuro (melena);

  • sangue misturado às fezes;

  • dor abdominal ou emagrecimento;

  • história familiar de câncer colorretal.

Nesses casos, a investigação deve ir além do diagnóstico presumido de hemorroida.

🩻 Exames complementares indicados na urgência

Além do hemograma, podem ser necessários:

  • Coagulograma (descartar distúrbios de coagulação);

  • Ferritina, saturação de transferrina e ferro sérico;

  • PCR e marcadores inflamatórios;

  • Reticulócitos;

  • Colonoscopia ou retossigmoidoscopia (dependendo da suspeita).

O hemograma costuma ser o primeiro “aviso vermelho” de que algo mais sério está acontecendo.

🚨 Anemia e urgência hospitalar: quando agir rápido

A anemia por sangramento retal pode descompensar rapidamente, especialmente em:

  • idosos;

  • cardiopatas;

  • gestantes;

  • pacientes com doenças crônicas;

  • imunossuprimidos.

A hemoglobina < 8 g/dL (ou <10 g/dL em pacientes de risco) pode exigir:

  • hidratação venosa;

  • reposição de ferro;

  • transfusão de concentrado de hemácias;

  • investigação endoscópica urgente.

🩺 Tratamento da causa: é mais do que parar o sangramento

Para tratar a anemia, é necessário tratar também a fonte da perda de sangue, que pode envolver:

  • pomadas e supositórios para hemorroidas;

  • ligadura elástica;

  • escleroterapia;

  • correção cirúrgica em casos graves;

  • controle de constipação;

  • mudanças dietéticas;

  • tratamento de refluxo ou outras causas associadas.

A correlação clínica entre hemograma + exame físico + padrão de sangramento é essencial para uma conduta adequada.

📌 Em Síntese

Hemorroidas com sangramento podem parecer um problema simples, mas quando a perda é invisível e constante, a anemia se instala silenciosamente — e o hemograma é o primeiro exame a evidenciar isso.

Por isso, todo paciente com sangramento retal deve ser avaliado com atenção, principalmente quando apresenta:

  • fadiga;

  • palidez;

  • falta de ar;

  • queda de desempenho;

  • tonturas.

O hemograma é mais do que um exame de rotina — ele é uma ferramenta de segurança e triagem na urgência.

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📚 Fonte

NESAN, Ricardo. Boas Práticas Laboratoriais: Você pratica? Canva, 2023.

Quando o sangramento pesa, a anemia aparece