Hipocalemia na Urgência

A hipocalemia — ou baixo nível de potássio no sangue — é uma das alterações eletrolíticas mais comuns nos atendimentos de urgência e emergência.
Apesar de parecer simples, o potássio baixo pode representar um risco real à vida, especialmente quando atinge níveis críticos e afeta a função cardíaca e muscular.

Neste artigo, você vai entender como reconhecer, tratar e prevenir a hipocalemia em situações clínicas agudas.

⚡ O que é a hipocalemia e por que ocorre

A hipocalemia é caracterizada pela diminuição da concentração sérica de potássio abaixo de 3,5 mEq/L.
Como o potássio é fundamental para o funcionamento das células musculares, cardíacas e nervosas, pequenas variações podem ter grandes consequências.

As causas mais comuns incluem:

• Perdas gastrointestinais (vômitos, diarreias, sondagens prolongadas);

• Uso de diuréticos (como furosemida e tiazídicos);

• Baixa ingestão alimentar ou restrição nutricional;

• Distúrbios hormonais, como hiperaldosteronismo;

• Insulina ou alcalose metabólica, que deslocam o potássio para dentro das células.

❤️ Sintomas e riscos da hipocalemia

Os sintomas variam conforme o grau de queda do potássio:

• Leve (3,0–3,5 mEq/L): pode ser assintomática ou causar fraqueza discreta;

• Moderada (2,5–2,9 mEq/L): fadiga, cãibras, palpitações e arritmias leves;

• Grave (< 2,5 mEq/L): arritmias ventriculares, parada cardíaca e insuficiência respiratória.

No eletrocardiograma (ECG), são comuns:

• Onda U proeminente;

• Achatamento da onda T;

• Depressão do segmento ST.

Essas alterações exigem atendimento imediato, pois o risco de arritmia fatal aumenta consideravelmente.

🧪 Diagnóstico laboratorial e interpretação

O diagnóstico é feito por dosagem sérica de potássio, mas deve sempre ser interpretado junto aos outros eletrólitos e ao contexto clínico.
Em emergências, a coleta deve ser rápida e o resultado analisado em conjunto com sódio, magnésio e função renal.

É importante diferenciar hipocalemia verdadeira de pseudohipocalemia, que pode ocorrer em casos de leucocitose intensa, erros de coleta ou atraso na centrifugação da amostra.

💉 Tratamento da hipocalemia na urgência

O tratamento depende da gravidade e da presença de sintomas cardíacos:

• Casos leves: suplementação oral de potássio (cloreto de potássio);

• Casos moderados a graves: reposição intravenosa lenta, monitorada com ECG contínuo;

• Hipomagnesemia associada: deve ser corrigida simultaneamente, pois o magnésio baixo impede a recuperação do potássio.

Jamais administrar potássio em bolus intravenoso, pois pode causar parada cardíaca.

🩺 Prevenção e acompanhamento

A prevenção da hipocalemia passa por:

• Controle do uso de diuréticos e laxantes;

• Correção nutricional e ingestão adequada de potássio (banana, abacate, água de coco);

• Monitoramento periódico de eletrólitos em pacientes crônicos ou hospitalizados;

• Avaliação médica constante em casos de vômitos persistentes ou doenças renais.

⚠️ O potássio pode salvar (ou comprometer) vidas

• Na urgência, potássio baixo é sinal de alerta — monitore sempre!

• Faça seus exames laboratoriais regularmente.

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Fonte:

• SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Distúrbios hidroeletrolíticos em emergências clínicas.

• OH, M. S.; CARROLL, H. J. Disorders of sodium and potassium metabolism. Critical Care Medicine, 1992.

• Mayo Clinic. Hypokalemia: Causes, Symptoms and Treatment.

• NESAN, Ricardo. Potássio: É incompatível com a vida? Belém: Canva, 2023.

Quando o potássio cai, o coração sente primeiro — reconhecer a hipocalemia pode salvar vidas