Metanol: diagnóstico, toxicidade e exames laboratoriais de suporte

Entenda como o metanol age no organismo, quais exames laboratoriais são fundamentais no diagnóstico e como o suporte rápido pode salvar vidas em casos de intoxicação

02/11/2025

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O metanol é um álcool altamente tóxico, amplamente utilizado em solventes, combustíveis e produtos industriais.
Apesar de sua aparência semelhante ao etanol, o metanol representa um grave risco à saúde, podendo causar cegueira irreversível, insuficiência metabólica e morte quando ingerido, inalado ou absorvido pela pele.

Neste artigo, você vai entender como ocorre a intoxicação por metanol, quais exames laboratoriais são essenciais para o diagnóstico e como deve ser feito o suporte clínico e bioquímico ao paciente.

☠️ O que é o metanol e por que ele é perigoso

O metanol (CH₃OH) é um álcool simples, incolor e de odor suave, frequentemente confundido com o etanol.
Entretanto, após ser metabolizado pelo fígado, ele se transforma em formaldeído e ácido fórmico, substâncias altamente tóxicas que causam acidose metabólica severa e lesão no nervo óptico.

Mesmo pequenas doses (30 mL ou menos) podem ser letais.
Casos de intoxicação por metanol costumam estar associados a:

  • Ingestão de bebidas adulteradas;

  • Exposição ocupacional (indústria química e automotiva);

  • Tentativas de substituição do etanol em solventes ou combustíveis;

  • Suicídios e acidentes domésticos.

🧪 Exames laboratoriais essenciais no diagnóstico

O diagnóstico da intoxicação por metanol deve ser rápido e baseado em achados clínico-laboratoriais, pois o atraso no tratamento aumenta drasticamente o risco de sequelas neurológicas e morte.

Os principais exames laboratoriais de suporte incluem:

🔹 1. Gasometria arterial

  • Detecta acidose metabólica de ânion gap elevado, com pH reduzido e bicarbonato baixo;

  • O achado é um dos primeiros sinais laboratoriais de intoxicação.

🔹 2. Cálculo do ânion gap e do osmolar gap

  • Ânion gap aumentado indica acúmulo de ácidos orgânicos (como o fórmico);

  • Osmolar gap elevado sugere a presença de álcool tóxico circulante.

Esses parâmetros ajudam a diferenciar o metanol de outras causas de acidose.

🔹 3. Dosagem direta de metanol e etanol

  • Realizada por cromatografia gasosa em laboratórios de referência;

  • Confirma a exposição e quantifica a gravidade.

🔹 4. Exames complementares

  • Creatinina e ureia: avaliação da função renal;

  • Transaminases e lactato: indicam sobrecarga hepática e hipóxia tecidual;

  • Glicemia: hipoglicemia é comum nas intoxicações graves.

⚕️ Tratamento e monitoramento laboratorial

O tratamento deve ser iniciado antes mesmo da confirmação laboratorial, com base em forte suspeita clínica.
As principais medidas incluem:

  • Administração de etanol ou fomepizol (antagonistas da enzima álcool desidrogenase);

  • Correção da acidose metabólica com bicarbonato de sódio;

  • Hemodiálise, para remover o metanol e o ácido fórmico do sangue;

  • Suporte intensivo com reposição eletrolítica e monitoramento contínuo do pH e eletrólitos.

Durante o tratamento, o laboratório tem papel essencial no ajuste terapêutico e acompanhamento da resposta clínica.

🧠 Complicações e prognóstico

Mesmo com tratamento, alguns pacientes podem apresentar:

  • Cegueira parcial ou total (por neuropatia óptica tóxica);

  • Lesão cerebral difusa;

  • Insuficiência renal aguda;

  • Sequelas neurológicas permanentes.

A rapidez no diagnóstico e no suporte laboratorial é o fator mais determinante para a sobrevida.

⚗️ O papel do laboratório na urgência

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Fonte:

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Intoxicações por Metanol: Protocolo de Atendimento em Emergência.

  • Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Methanol Toxicity – Diagnosis and Treatment.

  • UpToDate. Methanol poisoning: Clinical features and diagnosis.

  • NESAN, Ricardo. Alerta Saúde — Toxicologia e Emergências Laboratoriais.

No laboratório, cada resultado pode ser a diferença entre o risco e a recuperação na intoxicação por metanol