Mounjaro altera sinais cerebrais ligados ao prazer e ao impulso alimentar, revela estudo inédito em humanos
Pesquisa mostra como o tirzepatida (Mounjaro) modifica áreas do cérebro relacionadas ao apetite, compulsão e recompensa, explicando sua eficácia no controle do peso
17/11/2025
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O medicamento Mounjaro (princípio ativo tirzepatida) tem sido usado para tratar diabetes tipo 2 e, mais recentemente, para emagrecimento. Um estudo humano inédito publicado em novembro de 2025 trouxe à tona que o medicamento pode alterar sinais cerebrais do centro de prazer e impulso alimentar — abrindo caminho para novas compreensões sobre como o cérebro regula a fome e a compulsão alimentar.
🎯 O que o estudo encontrou
Em um participante tratado com tirzepatida, os pesquisadores registraram atividade reduzida nas ondas delta-theta no núcleo accumbens, região cerebral associada à recompensa alimentar, durante o período de uso do medicamento;
Essa supressão de sinais coincidiu com relatos de “silêncio” nas pré-ocupações com alimentos, ou seja, o paciente não sentia com tanta intensidade o impulso de comer;
Entretanto, cerca de cinco meses após o início da abordagem, os sinais cerebrais e os episódios de compulsão voltaram, sugerindo que o efeito pode ser temporário ou que o mecanismo exige tratamento prolongado ou diferente.
🧠 Por que isso importa
Esse estudo fornece a primeira evidência direta em humanos de como a tirzepatida atua não apenas no metabolismo, mas também no circuito cerebral de recompensa alimentar. Para profissionais de saúde, biomédicos e laboratórios clínicos, isso abre novas frentes de investigação:
A necessidade de biomarcadores cerebrais que possam predizer resposta ao tratamento;
O papel de exames complementares (neurológicos/imagens) em contextos de obesidade grave ou transtorno de compulsão alimentar;
A importância de monitoramento clínico-laboratorial conjunto: glicemia, insulina, hormônios de fome/saciedade (como grelina, leptina), mais potencialmente estudos de neuroimagem.
🚨 Limitações e atenção clínica
O estudo envolveu apenas um ou poucos participantes humanos, o que limita a generalização dos resultados;
A tirzepatida não foi originalmente desenhada para transtornos de impulso alimentar ou regulação cerebral de recompensa — foi desenhada para tratar diabetes tipo 2 e obesidade. Ou seja, seu efeito sobre o cérebro pode não ser duradouro ou suficiente como tratamento isolado;
Como todo tratamento farmacológico, há necessidade de avaliar segurança, efeitos colaterais, custo-benefício e contexto clínico individual antes de generalizar sua utilização para novos fins.
🩺 Implicações práticas para o profissional de laboratório e clínico
Compreender os efeitos do medicamento amplia a visão integrativa entre endocrinologia, neurologia, nutrição e análises clínicas;
Laboratórios podem considerar a padronização de perfis laboratoriais para pacientes em uso de agonistas de GLP-1/GIP, como glicemia monitorada, perfil lipídico, função renal/hepática e possíveis marcadores de saciedade;
O diálogo entre médico e laboratório se torna ainda mais estratégico: mudanças clínicas observadas (como redução súbita da fome ou de compulsões) podem demandar monitoramento laboratorial diferenciado;
O uso desses medicamentos por pacientes obesos ou com transtornos alimentares graves deve passar por equipes multidisciplinares e acompanhamento rigoroso.
✅ Em Síntese
O estudo com Mounjaro demonstra que o medicamento altera sinais cerebrais ligados ao prazer e à alimentação — um avanço importante para a compreensão da fisiologia da fome e da obesidade. No entanto, o efeito parece ser temporário ou limitado em termos de controle de impulso. Como em todos os avanços da medicina, a aplicação clínica exige cautela, evidência robusta e integração com práticas laboratoriais de qualidade.
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📚 Fonte
LENHARO, Mariana. How obesity drugs quiet ‘food noise’ in the brain. Nature Medicine, 17 nov. 2025. Disponível em: https://www.nature.com/articles/d41586-025-03766-2. Acesso em: [inserir data]. Nature
CHEN, Wonkyung et al. Brain activity associated with breakthrough food preoccupation in an individual on tirzepatide. Nature Medicine, 2025. DOI:10.1038/s41591-025-04035-5. Neuroscience News+1

