Por que alguns profissionais resistem às boas práticas e à atualização contínua na área da saúde?

Como a resistência à mudança compromete a qualidade, a segurança e a evolução profissional

22/12/2025

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Em ambientes de saúde, onde o conhecimento evolui rapidamente e o impacto das decisões pode ser direto sobre a vida do paciente, é esperado que a atualização profissional e a adesão às boas práticas sejam prioridades. Ainda assim, não é raro encontrar profissionais que resistem a mudanças, rejeitam novos protocolos e acreditam estar sempre certos — mesmo diante de evidências contrárias.

Essa postura não é apenas uma questão de opinião. Ela representa um risco real à qualidade, à segurança do paciente e à evolução do serviço.

A falsa segurança do “sempre fiz assim”

Um dos principais fatores por trás da resistência à atualização é a chamada zona de conforto profissional. Quando alguém repete a mesma conduta por anos sem incidentes aparentes, cria-se a sensação de que:

“Se funcionou até hoje, não preciso mudar.”

O problema é que a ciência não é estática. Métodos, protocolos, normas e evidências evoluem exatamente para corrigir falhas que antes passavam despercebidas. O fato de algo “não ter dado errado ainda” não significa que seja seguro ou correto.

Confundir experiência com infalibilidade

Experiência é valiosa. Infalibilidade, não existe.

Alguns profissionais confundem tempo de atuação com verdade absoluta. Essa mentalidade gera comportamentos como:

  • rejeição a novos protocolos;

  • desprezo por atualizações científicas;

  • resistência a auditorias e acreditações;

  • desvalorização da equipe mais jovem;

  • dificuldade em aceitar questionamentos.

Na prática, isso cria ambientes onde questionar vira ameaça, e não ferramenta de segurança.

Resistência à mudança como mecanismo de defesa

Muitas vezes, a oposição às boas práticas não vem da má intenção, mas do medo:

  • medo de admitir que precisa reaprender;

  • medo de perder autoridade;

  • medo de expor falhas antigas;

  • medo de sair do controle.

Atualizar-se exige humildade intelectual. Para alguns, é mais fácil desacreditar a mudança do que enfrentar o próprio processo de aprendizado.

Impactos diretos na qualidade e na segurança do paciente

A resistência à atualização não é neutra. Ela gera consequências concretas:

  • manutenção de práticas obsoletas;

  • aumento de erros evitáveis;

  • conflitos entre setores;

  • falhas de comunicação;

  • não conformidades em auditorias;

  • responsabilização ética e legal.

Em saúde, estagnação não é estabilidade — é retrocesso.

Boas práticas não são “moda”

Boas práticas existem porque foram construídas a partir de:

  • evidências científicas;

  • análise de eventos adversos;

  • melhoria contínua de processos;

  • aprendizado com erros reais.

Rejeitá-las não é sinal de autonomia profissional, mas de desalinhamento com a ciência e com a segurança do paciente.

Atualização contínua é dever, não opção

Profissionais de saúde não se atualizam apenas para “se destacar”. Eles se atualizam porque:

  • o conhecimento muda;

  • os riscos mudam;

  • os pacientes mudam;

  • as responsabilidades aumentam.

Manter-se atualizado é parte do compromisso ético com o cuidado.

Como criar ambientes menos resistentes à mudança

  • estimular questionamentos sem punição;

  • valorizar aprendizado contínuo;

  • integrar equipe na construção de protocolos;

  • transformar erro em aprendizado, não em culpa;

  • separar autoridade técnica de autoritarismo.

Ambientes seguros são aqueles onde ninguém é dono absoluto da verdade.

Em Síntese

Ser contra boas práticas e atualização constante não é sinal de confiança — é sinal de estagnação profissional. Em saúde, quem acredita estar sempre certo deixa de aprender, e quem deixa de aprender passa a oferecer risco.

Atualizar-se não diminui ninguém.
Ao contrário: protege o paciente, fortalece a equipe e qualifica o serviço.

A ciência avança todos os dias.
Cabe ao profissional decidir se vai acompanhar ou ficar para trás.

📌 Atualização e boas práticas não são opcionais em saúde

  • Reavalie suas rotinas periodicamente: prática antiga não é sinônimo de prática segura.

  • Busque atualização contínua, baseada em evidências científicas e normas vigentes.

  • Questione processos com responsabilidade, usando o pensamento crítico como ferramenta de segurança.

  • Valorize protocolos e boas práticas, não como imposição, mas como proteção ao paciente e à equipe.

  • Construa um ambiente profissional aberto ao aprendizado, onde errar leva à melhoria, não à punição.

👉 Em saúde, quem não se atualiza coloca o paciente em risco.


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📚 Fontes e referências

  • Organização Mundial da Saúde (OMS)Patient Safety and Quality of Care.

  • ISO 15189 — Requisitos de qualidade e competência para laboratórios clínicos.

  • ANVISA — RDCs e diretrizes de boas práticas em serviços de saúde.

  • CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute) — Guidelines para padronização, qualidade e segurança.

  • SBPC/ML – Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial — Manuais de boas práticas laboratoriais.

  • WHO – Patient Safety Curriculum Guide — Cultura de segurança, aprendizado contínuo e comunicação.

Atualizar-se é escolha — estagnar também