Por Que o Hemograma na Dengue Nem Sempre Apresenta Leucopenia e Plaquetopenia Mesmo com o Teste Positivo?

Embora a leucopenia e a plaquetopenia sejam alterações clássicas na dengue, fatores como o estágio da infecção, co-infecções e resposta imunológica individual podem alterar o padrão esperado no hemograma

21/05/2025

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O hemograma é um dos primeiros exames solicitados em casos suspeitos de dengue. Tradicionalmente, espera-se encontrar leucopenia (queda dos glóbulos brancos) e plaquetopenia (queda das plaquetas) como sinais laboratoriais típicos da infecção pelo vírus. No entanto, na prática clínica e laboratorial, nem todos os pacientes com dengue apresentam esse padrão clássico, mesmo quando o teste confirmatório (como o Antígeno NS1, Sorologia {IgM} ou RT-PCR) está positivo.

Mas por que isso acontece?

🦠 O que é o padrão hematológico clássico da dengue?

Em geral, os casos típicos de dengue demonstram no hemograma:

  • Leucopenia: queda dos leucócitos, geralmente < 4.000/mm³;

  • Linfocitose atípica: aumento de linfócitos reativos;

  • Plaquetopenia: plaquetas abaixo de 150.000/mm³;

  • Hematócrito elevado: devido à hemoconcentração (perda de plasma);

  • Neutropenia relativa: redução dos neutrófilos em relação aos linfócitos.

Esse padrão se deve à resposta viral aguda, que afeta a medula óssea e altera a produção e destruição das células sanguíneas.

⚠️ Por que o hemograma nem sempre segue esse padrão mesmo com teste positivo?

1. Estágio da infecção

Nos primeiros dias (fase febril), o hemograma pode ainda esta normal. A leucopenia e plaquetopenia costumam se acentuar a partir do 3º ao 5º dia de sintomas, especialmente no início da fase crítica.

2. Resposta imunológica individual

Cada organismo responde de forma diferente à infecção. Pacientes jovens e imunocompetentes podem manter níveis hematológicos mais estáveis nas fases iniciais.

3. Infecção secundária ou atenuada

Pacientes que já tiveram dengue anteriormente (sorotipos diferentes) podem ter respostas atípicas ou mais intensas, e outros apresentam quadros brandos com hemogramas praticamente normais.

4. Co-infecções virais ou bacterianas

A presença de outras infecções (como COVID-19, zika ou infecções respiratórias) pode mascarar ou modificar o padrão hematológico da dengue.

5. Erro pré-analítico ou falha técnica

Fatores como tempo de coleta, armazenamento e diluição incorreta do sangue também podem alterar os resultados do hemograma, dando a falsa impressão de normalidade.

🧪 Como interpretar corretamente o hemograma diante de um teste positivo?

  • Observe a evolução dos exames em série, especialmente plaquetas e hematócrito entre o 3º e 7º dia;

  • Não descarte a dengue apenas com hemograma normal no início dos sintomas;

  • Considere o quadro clínico e sinais de alarme, como dor abdominal intensa, sangramentos, letargia, vômitos persistentes, hipotensão, mialgia, febre e coceira em alguns casos.

O diagnóstico deve ser sempre multifatorial, envolvendo clínica, exame físico, dados laboratoriais e testes sorológicos/moleculares.

Em Síntese

Embora leucopenia e plaquetopenia sejam alterações clássicas no hemograma de pacientes com dengue, a ausência dessas alterações não exclui a infecção. O padrão hematológico pode variar de acordo com o estágio da doença, a resposta individual, presença de co-infecções e fatores técnicos. O acompanhamento clínico e laboratorial contínuo é fundamental para uma conduta segura e eficaz.

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Nem sempre o padrão é o esperado