Prescrição médica na urgência: por que revisar e questionar sempre?
Segurança do paciente começa na checagem: por que toda prescrição na urgência deve ser revisada?
03/12/2025
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A rotina em setores de urgência e emergência é marcada por velocidade, prioridade máxima e cenários de alto risco. Nesse ambiente, a prescrição médica é um dos pontos mais críticos para a segurança assistencial — e justamente por isso precisa ser revisada, compreendida e checada com rigor.
Promover uma cultura de segurança do paciente significa entender que nenhum profissional está imune a falhas. Médicos, enfermeiros e equipes multidisciplinares podem errar, especialmente sob pressão. E é nessa interseção entre pressa, estresse e decisões rápidas que a dupla checagem e a comunicação assertiva se tornam essenciais.
Cultura de Segurança do Paciente: a Base de Tudo
A cultura de segurança do paciente não é um discurso teórico — é uma prática diária. Ela envolve:
Reconhecer que erros acontecem e podem ser prevenidos;
Incentivar questionamentos, sem punição;
Estimular comunicação clara e objetiva entre equipes;
Criar barreiras preventivas para evitar eventos adversos.
A prescrição médica é exatamente uma dessas barreiras. Quando revisada corretamente, ela impede erros como:
Dose inadequada;
Medicação contraindicada;
Via de administração incorreta;
Interações medicamentosas perigosas;
Medicamentos duplicados ou desnecessários.
Sem uma cultura clara de segurança, esses deslizes podem passar despercebidos — e gerar danos graves.
Dupla Checagem pela Enfermagem: Uma Estratégia que Previne Eventos Adversos
A dupla checagem é uma das práticas mais eficazes e recomendadas em todo o mundo. Ela consiste em dois profissionais verificarem a prescrição e o preparo/administração do medicamento, reduzindo drasticamente o risco de erros.
Na prática, a dupla checagem envolve:
Confirmar dose, diluição, via, horário e paciente;
Validar interações e compatibilidades;
Conferir se a prescrição condiz com o quadro clínico;
Avaliar se houve atualização do paciente (ex.: função renal, alergias, exames recentes).
Quando a enfermagem aplica a dupla checagem de forma sistematizada, ela se transforma em uma barreira de proteção real, capaz de detectar problemas que passam despercebidos na prescrição original.
Medo de Questionar o Médico: Um Risco Subestimado
Um dos maiores obstáculos para a segurança do paciente é o medo de questionar a prescrição médica. Isso acontece por diversos motivos:
Hierarquia rígida nas instituições;
Receio de represálias ou humilhações;
Falta de abertura para diálogo;
Cultura antiga de autoridade absoluta;
Pressão do ambiente de urgência.
O resultado? Profissionais deixam de questionar doses altas demais, medicamentos incorretos ou condutas incompatíveis com o estado clínico. Erros que poderiam ser evitados acabam passando.
Questionar não é desrespeitar. É proteger.
Os hospitais mais seguros do mundo trabalham com um princípio simples:
Se algo parece errado, deve ser questionado. Sempre.
O questionamento técnico, baseado em evidências, não diminui ninguém. Pelo contrário: fortalece a equipe e garante que o paciente receba a melhor assistência possível.
Como Instituições Podem Reduzir o Medo e Incentivar a Checagem?
Para construir uma cultura realmente segura, as instituições precisam:
1. Criar protocolos claros de comunicação
Métodos como SBAR (Situação, Background, Avaliação, Recomendação) reduzem ruídos e facilitam o diálogo.
2. Estimular treinamento contínuo
Simulações realísticas e capacitações ajudam as equipes a se sentirem seguras ao questionar.
3. Garantir abertura da liderança
Gestores e médicos precisam reforçar, na prática, que questionar é bem-vindo.
4. Instituir a dupla checagem como norma, não como exceção
Quando a prática é institucionalizada, ela deixa de parecer uma “desconfiança” e passa a ser parte do fluxo.
Em Síntese: Revisar, Questionar e Checar é Cuidar
A prescrição médica na urgência precisa ser analisada com responsabilidade e atenção. Dupla checagem não atrasa o atendimento — salva vidas. Questionar uma dose, pedir esclarecimento sobre um medicamento ou revisar uma conduta não deveria ser motivo de conflito, mas sim parte da rotina segura e profissional.
No final, todos ganham:
o paciente, a equipe e a instituição.
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📚 Fonte de referência principal:
WHO – World Health Organization. “Patient Safety: Medication Without Harm.” 2017.

