Síndrome do Absintismo: Quando o Alcoolismo Cruza os Limites da Realidade

Embora pouco conhecida, a Síndrome do Absintismo representa um estado extremo de deterioração mental e emocional causado pelo uso crônico e abusivo de bebidas alcoólicas, especialmente as de alto teor alcoólico e baixa qualidade. O nome deriva do “absinto”, uma bebida histórica, altamente alcoólica, associada a casos de delírios, alucinações e declínio cognitivo.

O que é a Síndrome do Absintismo?

A expressão é utilizada de forma não oficial para descrever um conjunto de sintomas psicóticos e comportamentos desorganizados em pessoas que vivem sob o efeito crônico do álcool. Envolve:

• Alucinações visuais e auditivas recorrentes, mesmo quando a pessoa está acordada e sóbria;

• Delírios de perseguição ou grandeza;

• Condutas fraudulentas e impulsivas, muitas vezes sem noção das consequências;

• Despersonalização e dificuldade em diferenciar realidade e fantasia.

Esse quadro é comum em pacientes com histórico prolongado de alcoolismo severo, que muitas vezes já sofreram danos neurológicos irreversíveis, como a encefalopatia hepática e a síndrome de Korsakoff.

A Relação com o Alcoolismo Crônico

O consumo prolongado e excessivo de álcool afeta diversas áreas do cérebro, incluindo o hipocampo, responsável pela memória, e o lobo frontal, relacionado ao julgamento e autocontrole. Quando o fígado começa a falhar, toxinas como a amônia se acumulam no sangue, atingindo o sistema nervoso central — o que favorece os quadros de confusão mental, delírios e comportamentos paranoides.

Fraudes, Mentiras e Comportamentos Bizarros

Muitos familiares relatam mudanças radicais de comportamento: o indivíduo passa a mentir compulsivamente, criar histórias fantasiosas e, em casos graves, envolver-se em fraudes pequenas e grandes como furtos, compras compulsivas com cartões clonados, e até golpes online. Essas atitudes, antes incomuns, surgem como reflexo de uma mente desorganizada, sem senso crítico e dominada por impulsos.

Absinto: O Bebida que Inspirou a Síndrome

O absinto, bebida popular no século XIX entre artistas como Van Gogh e Baudelaire, era composto por altas concentrações de álcool e substâncias como a tujona, presente na erva-doce e no losna. Acreditava-se que essa combinação provocava estados alterados de consciência, o que associou a bebida a surtos psicóticos e visões alucinatórias. Hoje, embora o absinto seja legalizado em alguns países, sua forma original é rara e controlada.

Como Reconhecer os Sinais e Buscar Ajuda

Os principais sinais da síndrome incluem:

• Comportamentos incoerentes e agressivos;

• Episódios de alucinação, mesmo sem estar embriagado;

• Perda do senso moral ou legal;

• Rejeição à ajuda e insistência em negar o problema.

A intervenção precoce com tratamento psiquiátrico, apoio terapêutico e desintoxicação gradual é essencial para evitar agravamentos. Em muitos casos, é necessário internação.

Em Síntese: Não é apenas sobre bebida — é sobre mente, corpo e dignidade

A Síndrome do Absintismo é mais do que uma consequência do alcoolismo: é a perda progressiva da realidade, da identidade e, muitas vezes, do afeto por si mesmo e pelos outros. Identificar os sinais, entender que não é frescura ou “falta de vergonha”, e buscar ajuda especializada é o primeiro passo para a recuperação.

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