Síndrome nefrótica na urgência: reconhecimento rápido, sinais de gravidade e abordagem inicial

Edema súbito, proteinúria maciça e risco de complicações no atendimento emergencial

25/12/2025

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A síndrome nefrótica é uma condição clínica caracterizada por proteinúria maciça, edema importante e hipoalbuminemia, podendo evoluir rapidamente com complicações graves. Embora muitas vezes associada ao acompanhamento ambulatorial, há situações em que o paciente chega à urgência com quadro agudo, exigindo reconhecimento imediato e abordagem adequada.

Na emergência, identificar a síndrome nefrótica precocemente pode evitar trombose, infecções, insuficiência renal e desfechos fatais.

O que é síndrome nefrótica?

A síndrome nefrótica resulta de uma alteração da barreira de filtração glomerular, permitindo perda excessiva de proteínas pela urina. Classicamente, é definida pela presença de:

  • Proteinúria ≥ 3,5 g/24h;

  • Hipoalbuminemia;

  • Edema generalizado;

  • Hiperlipidemia e lipidúria.

Na urgência, o edema costuma ser o sinal mais evidente.

Como o paciente chega à urgência

Os quadros mais comuns incluem:

  • edema súbito de face, membros inferiores ou anasarca;

  • ganho rápido de peso;

  • redução do volume urinário;

  • urina espumosa;

  • dispneia por derrame pleural ou edema pulmonar;

  • infecções recorrentes.

Em crianças, o edema periorbitário costuma ser o primeiro sinal. Em adultos, o quadro pode ser mais insidioso, mas com maior risco de complicações.

Principais causas associadas

Primárias (glomerulopatias)

  • doença de lesões mínimas;

  • glomeruloesclerose segmentar e focal;

  • glomerulonefrite membranosa.

Secundárias

  • diabetes mellitus;

  • lúpus eritematoso sistêmico;

  • infecções;

  • neoplasias;

  • uso de medicamentos.

Na urgência, muitas vezes a causa ainda é desconhecida, mas o reconhecimento da síndrome é prioritário.

Riscos e complicações na fase aguda

A síndrome nefrótica não tratada adequadamente pode evoluir com:

  • tromboembolismo venoso (estado de hipercoagulabilidade);

  • infecções graves (perda de imunoglobulinas);

  • hipovolemia intravascular;

  • insuficiência renal aguda;

  • edema pulmonar.

Por isso, não deve ser encarada apenas como “edema renal”.

Exames laboratoriais na urgência

O laboratório tem papel central na suspeita diagnóstica:

  • Urina tipo I: proteinúria intensa, cilindros lipídicos;

  • Relação proteína/creatinina urinária;

  • Albumina sérica: reduzida;

  • Perfil lipídico: colesterol elevado;

  • Creatinina e ureia: avaliar função renal;

  • Hemograma: investigar infecção associada.

A proteinúria isolada já é sinal de alerta, especialmente quando associada a edema importante.

Conduta inicial na urgência

O manejo inicial deve ser cuidadoso e individualizado:

  • avaliar estado volêmico real do paciente;

  • evitar diuréticos indiscriminados;

  • monitorar função renal;

  • tratar infecções associadas;

  • considerar internação em casos moderados a graves.

A investigação etiológica completa geralmente ocorre após estabilização, com acompanhamento especializado.

Quando a síndrome nefrótica é emergência grave

Atenção redobrada quando há:

  • dispneia ou edema pulmonar;

  • sinais de trombose;

  • oligúria;

  • infecção ativa;

  • hipoalbuminemia severa;

  • deterioração rápida da função renal.

Nesses casos, a internação é mandatória.

O papel do diagnóstico precoce

Reconhecer a síndrome nefrótica ainda na urgência:

  • reduz risco de complicações;

  • orienta conduta segura;

  • acelera encaminhamento ao nefrologista;

  • melhora o prognóstico.

Edema importante nunca deve ser banalizado.

Em Síntese

A síndrome nefrótica na urgência é uma condição potencialmente grave que exige olhar atento, correlação clínica e suporte laboratorial adequado. Mais do que identificar edema, é fundamental compreender o impacto sistêmico da perda proteica e agir rapidamente para proteger o paciente.

Na dúvida, edema + proteinúria = investigação imediata.

📌 Síndrome nefrótica na urgência exige ação rápida

  • Não banalize edema súbito ou progressivo, especialmente quando associado a urina espumosa.

  • Solicite avaliação médica imediata diante de proteinúria importante ou sinais de gravidade.

  • Evite uso indiscriminado de diuréticos sem avaliação do estado volêmico.

  • Realize exames laboratoriais completos para avaliar função renal, albumina e proteinúria.

  • Encaminhe para acompanhamento especializado para diagnóstico etiológico e prevenção de complicações.

👉 Na presença de sintomas respiratórios, trombose ou infecção, procure atendimento emergencial.


👉 Informação correta e diagnóstico precoce salvam função renal — e vidas.

📚 Fontes e referências

  • UpToDateOverview of the nephrotic syndrome.

  • KDIGO (Kidney Disease: Improving Global Outcomes)Clinical Practice Guideline for Glomerular Diseases.

  • Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) — Diretrizes sobre síndrome nefrótica.

  • Ministério da Saúde – Brasil — Protocolos de atenção às doenças renais.

  • Harrison’s Principles of Internal Medicine — Capítulo sobre doenças glomerulares.

  • CLSI / ISO 15189 — Boas práticas laboratoriais e correlação clínica.

Edema importante nunca é banal — pode ser síndrome nefrótica em evolução