Tabela SUS: Por Que os Valores São Tão Baixos? Entenda a Origem, os Motivos e a Realidade por Trás dos Pagamentos

A Tabela SUS (Sistema Único de Saúde) é um instrumento fundamental para o financiamento de procedimentos médicos, laboratoriais e hospitalares realizados no Brasil. No entanto, ela é frequentemente criticada pelos valores extremamente baixos pagos aos prestadores de serviços, tanto públicos quanto privados conveniados.

Mas afinal, por que a tabela SUS paga tão pouco?
Neste artigo, você vai entender a origem histórica, os motivos econômicos e uma explicação plausível sobre a defasagem que há décadas desafia profissionais e gestores da saúde.

O que é a Tabela SUS?

A Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS é um documento oficial que define o valor pago pelo governo federal por cada procedimento realizado no sistema público de saúde — desde uma consulta até uma cirurgia de alta complexidade.

Ela é gerenciada pelo Ministério da Saúde, e serve como base para o repasse financeiro da União a estados, municípios e instituições conveniadas ao SUS.

A origem dos valores da Tabela SUS

A Tabela SUS foi instituída ainda nos anos 1990 como parte da reorganização do sistema público após a criação do SUS pela Constituição de 1988.

Desde sua origem, os valores foram definidos com base em:

• Custo médio nacional estimado por procedimento;

• Disponibilidade orçamentária da União;

• Negociações entre gestores públicos

O problema é que, desde então, muitos valores não foram reajustados adequadamente, acumulando uma defasagem que supera os 20 anos em alguns casos.

Por que os valores continuam tão baixos?

1. Subfinanciamento crônico da saúde pública

O SUS foi criado com uma proposta ambiciosa: oferecer saúde universal e gratuita. Porém, os recursos federais destinados à saúde nunca acompanharam a demanda real da população. Com isso, a tabela se manteve estagnada em muitos procedimentos.

2. Falta de atualização periódica

Diferente da inflação oficial, os custos médicos e hospitalares aumentam muito mais rápido — envolvendo insumos importados, tecnologia e mão de obra especializada. A ausência de um mecanismo de reajuste automático faz com que os valores fiquem desatualizados ano após ano.

3. Dependência de acordos políticos

A atualização da tabela depende de decisões políticas e negociações entre esferas de governo. Em muitos casos, outros gastos são priorizados e os reajustes são adiados indefinidamente.

Exemplos da defasagem

• Exame de hemograma: pago em torno de R$ 2,00 a R$ 4,00;

• Ultrassonografia abdominal: cerca de R$ 25,00 a R$ 30,00;

• Consultas médicas especializadas: pagas entre R$ 10,00 a R$ 20,00 em média

Esses valores não cobrem nem o custo operacional básico, o que gera desinteresse de prestadores e sobrecarga no sistema.

Consequências práticas

• Fuga de prestadores privados do SUS;

• Aumento nas filas de espera;

• Profissionais da saúde desvalorizados;

• Qualidade comprometida em alguns serviços

Existe solução?

Sim, mas exige vontade política. Algumas alternativas discutidas incluem:

• Atualização periódica indexada à inflação da saúde;

• Criação de valores regionais mais realistas;

• Financiamento misto entre União, estados e municípios;

• Reformulação da lógica de financiamento do SUS

Em Síntese

A Tabela SUS é um reflexo do subfinanciamento da saúde no Brasil, e sua defasagem compromete a sustentabilidade do sistema público. Entender a origem e os motivos dos valores baixos é o primeiro passo para uma discussão mais justa e realista sobre os investimentos em saúde no país.

Nota: A tabela SUS será atualizada em breve, pois foi sancionada em 16/01/2024 pela Lei nº 14.820/24, que estabelece a revisão periódica dos valores de remuneração dos serviços prestados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

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Veja também a tabela SUS para procedimentos laboratoriais compacta.

Tabela SUS e seus valores extremamente baixos