Urinálise: desafios atuais e as projeções para o futuro dos exames laboratoriais
Entenda os principais desafios da urinálise hoje e descubra como inovação, automação e IA estão moldando o futuro dos exames de urina
22/11/2025
3 min ler


A urinálise é uma das metodologias mais tradicionais do laboratório clínico e, ao mesmo tempo, uma das que mais exigem atenção, precisão e interpretação qualificada. Mesmo com décadas de uso, ela segue sendo insubstituível no rastreamento de doenças renais, infecções urinárias, distúrbios metabólicos e condições sistêmicas.
E, justamente por isso, enfrenta um paradoxo: é simples de coletar, mas complexa de interpretar.
A seguir, você confere os principais desafios atuais e o que esperar do futuro da urinálise, especialmente com a chegada de novas tecnologias e da inteligência artificial na rotina laboratorial.
1. Por que a urinálise ainda é tão importante?
A análise da urina oferece informações rápidas, baratas e altamente sensíveis sobre diferentes sistemas do corpo. Entre suas aplicações estão:
Detecção precoce de infecção urinária (ITU);
Avaliação de função renal;
Identificação de proteinúria;
Diagnóstico de diabetes descompensada (corpos cetônicos);
Monitoramento de doenças metabólicas;
Detecção de adulterações ou toxicologias.
Por ser um exame não invasivo, acessível e versátil, ele continua sendo pedido em grande volume em hospitais, UPAs e laboratórios privados.
2. Principais desafios da urinálise na prática
Apesar de parecer simples, a urinálise apresenta dificuldades que podem comprometer o diagnóstico se não forem bem conduzidas:
2.1. Coleta inadequada
É a maior causa de erros pré-analíticos.
Coleta sem assepsia, frasco inadequado ou atraso na entrega resultam em:
Proliferação bacteriana;
Alteração de pH;
Mudança da densidade;
Falsos positivos em nitrito e leucócitos.
2.2. Erros na leitura das fitas reagentes
Tempo incorreto de leitura e iluminação inadequada podem alterar o resultado.
Além disso, variações entre lotes e fabricantes exigem constante verificação de performance.
2.3. Microanálise subjetiva
O exame microscópico ainda depende muito da experiência do biomédico ou analista clínico.
Identificar corretamente cristais, cilindros, leveduras e elementos figurados exige treinamento contínuo.
2.4. Armazenamento e estabilidade
A urina é um material instável. Sem refrigeração e sem conservantes, sofre alteração em minutos.
3. Avanços tecnológicos transformando a urinálise
A modernização da urinálise já é uma realidade em muitos laboratórios:
3.1. Leitores automáticos de fitas
Eliminam a subjetividade da leitura humana, padronizam resultados e aumentam a reprodutibilidade.
3.2. Microscopias automatizadas
Equipamentos de alta resolução identificam partículas urinárias via algoritmos padronizados.
3.3. Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina
A IA vem sendo treinada para:
Classificar automaticamente elementos (hemácias, leucócitos, EPF, cilindros etc.);
Reduzir erros de interpretação;
Acelerar o fluxo do laboratório;
Criar perfis diagnósticos baseados em padrões urinários.
Essa tecnologia diminui variabilidade entre analistas e aumenta a confiabilidade do laudo.
4. O futuro da urinálise: o que esperar?
Para os próximos anos, as projeções indicam:
4.1. Integração total com o LIS
Resultados interpretados automaticamente e cruzados com dados clínicos.
4.2. Equipamentos portáteis e POC
Urinálise feita diretamente à beira-leito com resultados em segundos.
4.3. Análise combinada (triagem + microscopia)
Sistemas que unem fita reagente + microscopia + IA em um único relatório integrado.
4.4. Redução do erro humano
Com automação completa, o papel do biomédico será cada vez mais estratégico:
menos execução manual e mais validação crítica, interpretação e decisão clínica.
Em Síntese
A urinálise está longe de ser um exame ultrapassado.
Pelo contrário: é um exame clássico se reinventando pela tecnologia, e a presença da IA vai marcar uma virada histórica na forma como o laboratório avalia e interpreta amostras urinárias.
Os desafios existem — principalmente na fase pré-analítica e na subjetividade da microscopia —, mas justamente por isso a inovação é tão bem-vinda.
A urinálise do futuro será mais rápida, mais precisa e mais integrada.
E isso significa diagnósticos melhores, mais segurança para o paciente e mais eficiência para o laboratório.
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Fontes
ANVISA. RDC nº 786, de 24 de março de 2023. Boas práticas para serviços de análises clínicas. Brasília, 2023.
NESAN, Ricardo. Boas Práticas Laboratoriais: Você pratica? Canva, 2023.
CLSI – Clinical and Laboratory Standards Institute. Urinalysis; Approved Guideline. CLSI Document GP16-A3. Wayne, PA, 2022.

